Para que esse blog não se perca sem uso e para contentar alguns fiéis amigos que o acompanham, como também para satisfazer um crescente desejo meu de escrever sobre o que gosto muito, que são histórias, sobretudo as escritas, DECIDI escrever resenhas sobre livros que li e, quem sabe, iniciar outra coisa que gosto tanto quanto livros: discuti-los.
O primeiro livro é bastante especial para mim, não à toa é um de meus prediletos, se não for “o” preferido; trata-se de “Eurico, o Presbítero”, obra de Alexandre Herculano, escritor português do Século XIX. Publicado pela primeira vez em 1844…
Ah, não vou enveredar por esse caminho. Se você quiser uma resenha histórica ou uma crítica literária profissional, creio que encontrará facilmente na internet. Minha ideia é compartilhar minha opinião e minha paixão.
O livro, muito bem escrito, naquele português d’antanho, relata a história de Eurico, oficial de baixa patente, um gardiing ou gardingo, da corte do Rei Vítiza, Senhor dos Godos do Oeste, historicamente mais conhecidos como Visigodos, povo que, conforme diz o próprio escritor:
“Nenhuma das tribos germânicas que, dividindo entre si as províncias do império dos césares, tinham tentado vestir sua bárbara nudez com os trajos despedaçados, mas esplêndidos, da civilização romana soubera como os Godos ajuntar esses fragmentos de púrpura e ouro, para se compor a exemplo de povo civilizado”.
Mas que se afastou do luxo do paço em virtude de uma decepção amorosa: acredita que seu amor fora rejeitado pela bela filha do Duque Fávila da Cantábria, Hermengarda. Fez votos de castidade e entrou para a igreja tal como era no período visigótico, como presbítero, com funções similares ao que seria hoje um padre.
A palavra do dia é “sofrência”, minhas crianças. Eurico era um guerreiro de primeira qualidade que se viu rejeitado pela gatinha rica, pirou, entrou para o sacerdócio, trocava a noite pelo dia, subindo pelos despenhadeiros, vendo a hora se estabacar nos precipícios, escrevendo blogs melosos e sofridos, passando as madrugadas a escrever cânticos a Deus e canções sertanejas falando, ora com amor, ora com ódio, da bela Hermengarda, da noite, da solidão e do sol, mandando e recebendo mensagens de amigos pelo whatsapp da época, as boas e velhas cartas, além de outros leriados mais e filosofando sobre a vida e a morte da bezerra.
Ou seja, roía até não mais poder. Adorei.
“E aí, Allan, o que acontece”?
Meus amiguinhos, respondo para vocês: os árabes. Era o Século VIII, e os muçulmanos invadiram a Península Ibérica.
Louco para terminar seu sofrimento, Eurico cata sua armadura, espada, escudo, lança, mangual, martelo de guerra, machado, punhal, – achei o máximo! – que estavam enterrados em algum lugar da Hispânia, e parte com mais de mil para matar árabes. Mais politicamente incorreto, impossível. E diz para si mesmo: “Vou morrer como herói e, de lambuja, mandar um recado para aquela ingrata da Hermengarda”.
Mas no seguinte tom:
“Não eras tu emanação e reflexo do céu? Por que não ousaste, pois, volver os olhos para o fundo abismo do meu amor? Verias que esse amor do poeta é maior que o de nenhum homem; porque é imenso, como o ideal, que ele compreende; eterno, como o seu nome, que nunca perece”.
Pronto, assim surgiu a lenda do Cavaleiro Negro. E tome-le lutas, espadadas, lançadas, frechadas, gente morrendo a rodo, sangue pelas canelas, correrias a cavalo, traições, sequestros, resgates, tudo bem ambientado em terras D’Espanha, recheado de atos heroicos, discursos de arrepiar, diálogos empolados, roedeira, amor não correspondido – correspondido, amores impossíveis, etc, etc e, é claro, etc (parafraseando o Fantástico Senhor Ló).
Nem precisa dizer que é minha cara.
Assim, recomendo para quem gosta do gênero capa e espada, acurada pesquisa histórica, a prosa poética de Alexandre Herculano, um dos grandes escritores de nossa língua portuguesa, devaneios de apaixonados e drama.
Disponível em formato de bolso pela L&PM Pocket e gratuitamente pela internet, nos formatos digitais PDF, Epub e Mobi, no site http://lelivros.today/book/download-eurico-o-presbitero-alexandre-herculano-em-epub-mobi-e-pdf/, http://projectoadamastor.org/eurico-o-presbitero-alexandre-herculano/ e http://baixarebook.com/2016/03/14/livro-eurico-o-presbitero-alexandre-herculano-pdf-mobi-ler-online/.
Sor Alexandre Herculano já há muito repousa sob a lousa alva e sagrada em plagas portuguesas e não se incomodará se você baixar sua história. Mantenha a lenda viva.
E deleite-se.
Abraços, até a próxima.
p.s.: Que tal postarmos duas vezes por semana?